O que não é certo - pois causa tremenda frustração - é quando para
agradar deixamos de lado o que de fato pensamos e sinceramente somos. Quando
abrimos mão de sentir e agir por conta própria só para seguir o grupo.
Fazendo assim, escondemos nossa coragem de
discordar. Pois a verdade é que não precisamos concordar 100% com a turma para
que ela seja nossa turma. Por toda a vida, sempre haverá conflitos de interesse
e diferenças de pontos de vista. Isso não é ruim. É a realidade.
Tem muita gente madura - e até com cabelos grisalhos - que nunca se
libertou do cárcere da imagem agradável. Gente que descobre, às vezes tarde
demais, que "puxa vida, não consegui ser sincero. Não fui capaz de me expressar
com liberdade".
Paulo Francis (1930-1997), um dos
grandes do jornalismo do século XX, escreveu na célebre revista Senhor: "É preciso ter
a capacidade de expressar-se sem remorso. Vale tudo que é autêntico, doa a quem
doer, diga-se bobagem ou não. Corre-se o risco."
Tinha razão o moço. Para calar fundo no
ouvido alheio é preciso correr o risco de se expressar com sinceridade. Pôr
nossa verdade na palavra, no tom da voz, no gesto, na escrita, no desenho, no
grupo. Essa expressão vai agradar a todos? Nunca.
Mas ao menos ninguém poderá acusá-lo de mentiroso ou dissimulado. É
bom viver e ir deixando opiniões pelos caminhos. Também ouvindo com atenção e
generosidade as opiniões contrárias. É desse jeito que o mundo fica melhor.
Somos 7 bilhões respirando, fazendo,
desfazendo, refazendo. Tem que ser um artista do convívio para cavar e dar
espaço. Você faz a sua parte quando se expressa de maneira autêntica sem se
importar se agrada ou não.
Cada um de nós é um peixe. Mas como
somos peixes humanos, não precisamos andar em cardumes. Nem precisamos morrer
pela boca. Ao contrário, devemos viver pela boca que se expressa!
Fonte: Yahoo. http://br.noticias.yahoo.com/blogs/mente-aberta/peixe-sem-cardume-105729339.html
Cigano Azul
Cigano Azul
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