Para ter certeza de qual é o seu Orixá, só mesmo consultando os búzios. Mas nada impede que você se familiarize
com eles identificando as características divinas que influenciam tanto a sua
personalidade como a das pessoas ao seu redor.:
Você já deve ter pulado sete ondas em homenagem a Iemanjá, provavelmente também
já viu algum conhecida usando branco às sextas-feiras só para agradar a Oxalá.
O magnetismo dos deuses africanos que regem as matas, os oceanos, os ventos e
as tempestades ultrapassou a fronteira dos terreiros para exercer sua
influência sobre adeptos dos mais variados credos ou até mesmo sobre aqueles
que não professam religião alguma, mas reverenciam a natureza. Reinando
absolutos no Candomblé, a religião trazida da África pelos escravos, os Orixás
também estão presentes na Umbanda, que nasceu no Brasil no início do século 20,
misturando elementos de ritos africanos, catolicismo, espiritismo e ocultismo.
Nesse caldeirão da Umbanda, eles convivem com entidades como os Caboclos e Pretos-velhos,
de linhagem inferior, já que não são deuses, e sim espíritos. A coreógrafa Ana
Vitória se apaixonou pelos Orixás durante um curso de dança afro na
Universidade da Bahia. A atração foi tão grande que nem a sólida formação
católica nem os anos passados em colégio de freiras constituíram obstáculo para
a aproximação. "Sou protegida de Oxóssi e filha de Oxum, a deusa do amor e
da fertilidade. Estava tentando ter uma segunda filha quando dancei para ela
num espetáculo-solo. Com isso, acho que abri um canal, pois logo depois
engravidei”.
Na opinião da antropóloga Rita Segato, o panteão africano funciona como um
zodíaco à brasileira, um poderoso instrumento de decifração e de leitura de
personalidades, porque cada pessoa tem o próprio Orixá baseado no seu jeito de
ser. “Mas a palavra final é do jogo de búzios, que confirma quem será seu guia
por toda a vida”, ensina ela, que também é professora da Universidade de
Brasília e autora do livro “Santos e Daimones: o Politeísmo Afro-Brasileiro e a
Tradição Arquetipal” (Editora Universidade de Brasília). O famoso oráculo de
búzios é consultado pelos Pais e Mães-de-santo do Candomblé. Eles têm
autoridade para dar conselhos e, além do “Orixá de cabeça”, apontam quem é o “Juntó”,
um segundo protetor, que também influi no caráter. Enquanto na África o panteão
integra mais de 400 deuses, no Brasil a lista não ultrapassa duas dúzias, entre
os quais há nove que disparam em popularidade: Iemanjá, Oxum, Ogum, Xangô,
Oxóssi, Iansã, Obaluaiê ou Omulu, Oxalá e Exu. Todos contam com correspondentes
na Igreja Católica, pois, como os escravos eram proibidos de cultuá-los,
procuravam paralelos para despistar os senhores de engenho. Assim, Iemanjá é
Nossa Senhora da Conceição; já o polêmico Exu não combinava com santo nenhum e
foi erroneamente associado ao diabo. As razões são históricas, acredita Armando
Vallado, sociólogo e Pai-de-santo, autor do livro “Iemanjá, a Grande Mãe
Africana do Brasil” (Ed. Pallas): “Exu é um orixá brincalhão, o mediador entre
os humanos e deuses. Sua aura de intensa sexualidade apavorou os jesuítas na
época em que as religiões africanas chegaram ao Brasil”. A questão é que, sem
Exu, o mensageiro, não conseguimos nos comunicar com os deuses. “Por isso é
importante tratá-lo bem, acendendo velas e oferecendo-lhe bebidas e comidas”,
explica o músico como agradar a todos eles.
Os orixás estão à nossa disposição para ajudar a resolver qualquer assunto,
seja dinheiro, saúde ou amor. A conhecida “amarração”, por exemplo, é um rito
para trazer a pessoa amada para perto – cerimônia que nem todo Pai-de-santo
concorda em comandar porque envolve a manipulação de pessoas. As magias
consideradas “maléficas” existem, porém são tabu e ninguém toca muito no assunto:
alguns estudiosos afirmam que os trabalhos realizados nos terreiros dependem do
grau de consciência do devoto (que faz o pedido) e dos chefes espirituais (que
evocam os deuses para realizá-lo). De qualquer modo, a rígida fronteira entre
bem e mal e a noção de pecado do mundo judaico-cristão não fazem sentido no Candomblé,
que não estabelece regras de conduta. Como os deuses da mitologia grega, eles
têm características admiráveis ou questionáveis, apresentando grande
complexidade, o que só aumenta o seu fascínio.
Exú, o Mensageiro
Esse controvertido Orixá é o primeiro
a ser homenageado nas cerimônias para evitar que atrapalhe o ritual, já que
compostura não é com ele. Guardião das encruzilhadas, ele circula na fronteira
entre a matéria e o espírito. Os filhos de Exu primam pela inteligência e a
astúcia, podendo fazer trapaças. Sentem prazer em comer e beber, têm humor e
adoram sexo. A pombagira representa sua versão feminina.
Elemento natural: minérios de ferro
Cores: preto
e vermelho
Dia da semana:
segunda-feira
Sincretismo: diabo
Oxalá, o Pai
Reverenciado como o deus da criação,
ele gerou a terra, os homens, os Orixás. Seus filhos demonstram talento para as
funções de chefia, magistério, trabalhos criativos e culturais. Adoram
desafios, apreciam ser tratados como especiais e transformam-se em notáveis
adversários quando encontram oposição. A aura de dignidade é comum entre os
filhos de Oxalá, mas eles também podem se revelar pessoas mandonas ou mesmo
chatas.
Elemento natural: ar
Cor:
branco
Dia da semana: sexta-feira
Sincretismo:
Jesus Cristo
Iemanjá, a Grande Mãe
Senhora dos rios, mares e oceanos, ela
é a matriarca dos orixás, personificando a responsabilidade e o encanto da
função materna. Embora Iemanjá seja representada como uma mulher linda, o forte
de seus descendentes não é a beleza, e sim a capacidade de trabalhar e de
proteger a família – suas filhas são ótimas mães. O maior defeito de seus
filhos e filhas é falar demais e não saber guardar segredo.
Elemento natural: água do mar e dos grandes rios
Cores:
branco, azul e verde-claro
Dia da semana:
sábado
Sincretismo:
Nossa Senhora da Conceição
Oxóssi, o Caçador
O Orixá da fauna e da fartura concede
aos seus filhos o dom da elegância e curiosidade. Embora sejam bons pais e mães,
joviais e amigáveis no trato, têm dificuldade com os parceiros amorosos e
costumam apreciar a solidão. Os descendentes de Oxóssi não conseguem ser
monogâmicos e sentem-se livres para quebrar compromissos, passando às vezes por
irresponsáveis.
Elemento natural: matas e florestas
Cores:
verde e azul turquesa
Dia da semana:
quinta-feira
Sincretismo:
São Jorge e São Sebastião
Omulú, o Curador
O deus da peste conhece tanto as
doenças quanto as curas. Transita entre os vivos e os mortos usando uma capa de
palha para esconder suas chagas. Quando bebê, Omulu foi abandonado pela mãe e
encontrado por Iemanjá, que curou suas feridas. Tímidos e solitários, os filhos
desse Orixá derretem-se quando recebem atenção e amor, revelando-se bons
amigos. É possível que se tornem deprimidos ou sábios na velhice.
Elemento natural: terra e subsolos
Cores:
preto, branco e vermelho
Dia da semana:
segunda-feira
Sincretismo:
São Lázaro e São Roque
Ogum, o Guerriro
O deus da guerra, da metalurgia e da
tecnologia facilita o progresso, as conquistas e as viagens. Seus filhos
distinguem-se pela teimosia e pelas atitudes arrojadas. Dotados de uma frieza
racional, fazem qualquer coisa pelos amigos, mas não sabem amar sem machucar e
acabam despedaçando corações. Dividem a fama de grandes amantes com os filhos
de Exu, que é irmão de Ogum.
Elemento natural: ferro forjado
Cor:
azul
Dia da semana:
terça-feira
Sincretismo:
Santo Antônio e São Jorge
Xangô, o Justiceiro
Os filhos do deus do trovão e da
justiça se dão muito bem na área de advocacia, negócios e burocracia. De
constituição física sólida, eles aparentam integridade e têm apetite por
comida, dinheiro e poder – é comum envolverem os outros em suas guerras pessoais.
Gostam de ostentar seus amantes, a fidelidade não é o seu forte. Bons amigos e
excelentes pais, defendem suas crias como ninguém.
Elemento natural: rochas, raios e trovões
Cores: vermelho,
marrom e branco
Dia da semana:
quarta-feira
Sincretismo: São
Jerônimo e São João
Oxum, a Sedutora
A deusa da água doce, do ouro, da
fertilidade e do amor é supervaidosa e a esposa favorita de Xangô. Seus
descendentes espirituais detestam a pobreza e a solidão. Costumam ser pessoas
insinuantes, que sabem agradar aos seus amores, o que, por outro lado, não as
impede de tentar manipulá-los. A beleza e a fortuna – duas coisas que Oxum
adora e oferta aos protegidos – podem tanto ser uma dádiva quanto um pretexto
para a arrogância.
Elemento natural: rios, lagos e cachoeiras
Cores:
amarelo e dourado
Dia da semana:
sábado
Sincretismo:
Nossa Senhora das Candeias
Iansã, a Guerreira
Senhora dos raios e das tempestades, é
a esposa de Xangô que o acompanha nas batalhas e conduz a alma dos mortos ao
outro mundo. Deusa do erotismo, Iansã torna os seus filhos mais dotados para a
prática do sexo do que para o cultivo paciente do amor. Corajosos, eles podem
dar a vida pelas pessoas que gostam, mas não admitem traição. A conversa
brilhante e o jeito extrovertido são suas marcas.
Elemento natural: raios, ventos e relâmpagos
Cores:
marrom, branco e vermelho
Dia da semana:
quarta-feira
Sincretismo:
Santa Bárbara
Fonte: http://claudia.abril.com.br/galerias/iemanja-oxala-ogum-xango-e-as-caracteristicas-e-influencias-de-outros-cinco-orixas/?p=/astral/esoterismo
Cigano Azul
Nenhum comentário:
Postar um comentário