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segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O Tao

A palavra Tao pode ser traduzida como caminho e sentido. Pode ser entendida como o caminho de transformação do homem, a busca da unidade consigo mesmo, com outros e com a natureza.

É o retorno à Grande Mãe, de onde tudo foi gerado, a mão dos 10 mil seres, é a integração. Segundo o Taoismo, pela prática do Wu-wei, a não-ação, podemos encontrar o Tao. O Wu-wei não significa passividade, mas o entendimento do movimento natural e integrado ao céu e à terra, é o movimento de curvar-se que permite às àrvores não serem arrancadas do solo quando sopra o vento forte. Viver no Tao é caminhar de acordo com o céu e a terra – é o caminho do meio. Segundo Lao-Tse, considerado o pai do Taoismo: “O sábio governa através da não internvenção, ensina através do não falar... termina sua obra sem apegar-se a ela. E como não se apega a ela, ele continua”.

A natureza do Wu-wei simboliza um estado de completude pela aceitação da sabedoria e do amparo do universo, na medida que estamos inteiros com o céu e a terra, o céu e a terra tornam-se o próprio caminho. Não há separação; os pingos de água da chuva, quando caem no oceano, tornam-se o oceano em seu potencial. Os ciclos fazem parte do processo de transformação em toda a natureza: aceitá-los e com eles fluir é a prática do Wu-wei que leva à experiência do Tao, o tornar-se oceano. O Tao não pode ser definido, é inexprimível em palavras pois é a experiência interior, o estado de ser e estar de cada um. “O Tao que pode ser expresso não é o Tao eterno”. Seus atributos são semelhantes à noção ocidental de Deus, é a causa primeira, a totalidade, o princípio que engendra o mundo, a criação manifesta em tudo que existe.

Está escrito no Tao Te Ching:

O grande Tao é onipresente:
pode estar à direita e à esquerda.
Todas as coisas lhe devem a existência,
e ele não as recusa.

Realizada a obra,
ele não a chama de sua propriedade.

Ele veste e alimenta todas as coisas
e não pretende ser o senhor delas.

Por estar continamente sem desejos,
podem chamá-lo de pequeno.

Como todas as coisas dependem dele,
sem conhecê-lo como seu soberano,
podem chamá-lo de grande.


O Taoísmo

O Taoísmo é uma filosofia que trata da essência da natureza da condição humana. Visa a harmonia com o cosmos em sua natureza dinâmica. A iluminação se dá através de situações práticas do dia a dia; seus princípios apontam a direção, mas o caminho que será percorrido para chegar é de cada um. O dedo que aponta para a lua é apenas um indicador: devemos olhar para a lua e não para o dedo que a aponta.

O Taoísmo enquanto filosofia fazia parte de um aprendizado esotérico, ou seja, praticado por pequenos grupos em torno de um mestre, que formaram uma escola que floresceu entre os séculos V e III a.C. Preconizava a vida em acordo com a natureza obedecendo as leis do Tao, o princípio primordial.

Para o Taoísmo a origem de tudo é o vazio, o não-ser, e é também o destino para qual todas as coisas retornam. Do vazio surge a forma, e da forma, o vazio. Esta milenar observação chinesa é análoga à teoria da relatividade da física moderna, que criou dois conceitos opostos: de matéria e energia, uma transformando-se incessantemente na outra. Este fenômeno de transformação não implica um julgamento de valor – nem a forma é boa, nem o vazio ruim, e vice-versa. O que se revela é uma relação de harmonia e equilíbrio entre todas as coisas.

Isto é natureza: equilíbrio harmonioso. Nós somos parte dela: o que ocorre no meio ambiente ocorre com o ser humano. Conhecendo a natureza, você aprende a conviver em equilíbrio consigo mesmo e com o meio. Equilíbrio significa vida e morte, fraqueza e força, saúde e doença, pois o Tao é responsável por todos os lados deste balanço.


O Yin-Yang

O princípios do Yin-Yang data de aproximadamente 3 mil anos antes de Cristo e está presente em todas as instâncias do pensamento chinês: na filosofia, na medicina, na religião, no comportamento e na própria espiritualidade. Podemos pensá-lo como estados de polaridade e de dualidade: Yin (feminino, receptivo, sombrio, intuitivo); Yang (masculino, criativo, luminoso, racional). Aparentemente, ao olhar ocidental eles parecem opostos, porém aprofundando um pouco nossa percepção vemos que são complementares: a luz existe porque existe a sombra, um se define pelo outro. Esta percepção sutil concede a unidade através da dualidade, dando ao pensamento chinês uma característica ímpar no entendimento do homem e da vida, que é a noção dos valores não absolutos. Nada é extamente como parece ser, pois o ser está sempre em mutação (vir a ser).

O Yin e o Yang manifestam os aspectos do tempo e do espaço: o Yin está ligado ao norte da montanha, sul do rio, ao lado sombrio. O Yang relaciona-se à luminosidade, ao dia, ao norte do rio, ao sul da montanha. Esta dualidade é aplicada em todas as dimensões da cultura chinesa a começar pela ritualização para a execução de atos cotidianos através de cerimônias.

O Yin-Yang é representado pelo Tai Chi, um círculo dividido em luz e escuridão, simbolizando a mutação como a única regra imutável da natureza; quando a luz atinge seu cume, tem início a escuridão. Na parte luminosa há um pequeno círculo escuro, e na parte escura há outro pequeno círculo, porém luminoso. Isto significa que todas as coisas trazem em si seu oposto.


A Origem de Todas as Coisas

A origem do Universo na concepção chinesa expressa-se através do vazio inicial. O vazio contém a plenitude ainda não exteriorizada, inclusive o desejo de criar que ao manifestar-se dá início a criação do Universo originando as forças polares Yin e Yang. A atuação destas foras determinam a natureza das formas sobre a terra (o mundo) cujos atributos se revelam pelos cinco elementos: a água, a terra, o fogo, a madeira e o metal. No Ocidente trabalhamos com a noção de quatro elementos constitutivos da natureza: fogo, terra, água e ar. Esta diferença de concepção denota uma sutileza que favorece aos chineses, pois perceberam que o ar é um atributo do Céu e está presente nos cinco elementos simbolizando o sopro da criação que insere a vida e a vitalidade aos elementos. É justamente esta vitalidade que permite o movimento dos elementos que por sua vez moldam o homem e o mundo.


O Chi

O Chi é a energia vital que anima a vida. Ele permeia a terra e tudo sobre ela, é a vidda se realizando, alimentando-se de si mesma, como uma serpente se autodevorando num círculo de vida que gera a vida. É o alento cósmico, a vitalidade do ser. Está no céu, na terra e no homem, fomenta os elementos, a matéria, faz o sol arder e as estrelas brilharem.

Segundo suas características energéticas, podemos classificá-lo em:
-      Sheng Chi: emana equilíbrio e bem-estar. É o Chi auspicioso.
-      Sha Chi: o excesso de Chi que gera hiperatividade, tensão e desconforto.
-      Si Chi: falta de energia, que dá a sensação de estagnação, paralisia e frio.


Os Cinco Elementos

Os chineses definiram cinco atributos que definem a essência do Chi: o fogo, a terra, o metal, a água e a madeira. A relação entre eles pode ser criativa (geradora) ou destrutiva (de equilíbrio).

Ciclo Criativo
O fogo produz a terra (cinzas),
a terra gera os minerais (metal),
o metal gera ou retém a água através da fusão,
a água nutre a madeira,
a madeira alimenta o fogo, reiniciando o ciclo.

Ciclo Destrutivo
A madeira penetra a terra (raízes),
a terra absorve a água,
a água apaga o fogo,
o fogo dissolve o metal,
 o metal corta a madeira, reiniciando o ciclo.

Inserindo o elemento faltante (no Ciclo Criativo) ou moderando sua ação (através do Ciclo Destrutivo), podemos estabelecer a harmonia energética de um ambiente através da adequação destes elementos à função que se destina o espaço (Feng Shui).


Os Caminhos da Vida e sua Intuição

Os caminhos da vida são tão diversificados quanto os seres através do qual ela se expressa. Precisamos saber discernir o que querem de nós e o que queremos para nós – isto é um exercício de poder, do nosso poder. Quando delegamos nosso equilíbrio, nosso poder para algo externo a nós, é porque realmente estamos desequilibrados, e portanto devemos nos manter atentos, pois a natureza é sábia e não nos criaria sem a aparelhagem natural necessária para nos suprir da energia vital que ela mesma, abundantemente, oferece.

A casa que habitamos, por exemplo, é um reflexo de nós. Trocar móveis, pintar paredes, jogar o lixo fora, desentupir suas “veias” retirando objetos que não precisamos mais faz parte do que podemos chamar de zelo e cuidado conosco e com o meio a nossa volta, e mostra que estamos em sintonia com as mudanças que ocorrem tanto em nosso interior quanto no exterior.

Quando alguma coisa nos agradava e a partir de um determinado momento não nos agrada mais, deve haver algum motivo pelo qual isto ocorreu, correto? Neste momento é bom pararmos para perceber que mudamos interiormente, ou que a vida está nos chamando para efetuar mudanças que já não condizem mais com o que somos. Se a energia da vida é mutante, é normal que a transformação se dê em nós também. Muitas vezes resistimos por apeg ou medo, e então sofremos pois saímos do fluxo natural da vida. Manter uma ambiente exterior de acordo com o nosso interior é instintivo e inato a todo ser humano e especialmente aos animais, que sabem muito bem onde e como construir seu abrigo pois estão em sintonia com o Céu e a Terra.

Viver em boa integração com o meio gera equilíbrio pessoal, e o equilíbrio pessoal proporciona a condição que nos permite desfrutar melhor o meio: é uma relação de mão dupla, mas o pontapé inicial é seu.

A regra básica é se perguntar: “Isto está bem para mim”? Se o seu coração disser que sim, então está tudo bem. Ele sempre é o nosso melhor consultor.


Cigano Azul

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