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quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A Transformação da Magia


Dois tipos de magia são descritos pelos estudiosos de todas as épocas: a Alta Magia e a Baixa Magia (não devem jamais ser confundidas com magia branca nem magia negra, que são tipos de magia designados como tal pelas suas características morais).

A Baixa Magia é aquela de cunho terrestre, geralmente pagã (na acepção etimológica original da palavra: "do campo", e não como posteriormente adotada "não cristã") e é baseada no desregramento dos sentidos, na carne, na terra, no suor, no sangue. É o tipo de ritual praticado pelas tribos ditas "primitivas" e pelos cultos afro-americanos em geral. 

A Alta Magia é a magia do controle, do domínio da realidade pelo homem. É um tipo de magia intelectualizada e fria, baseada no "puro espírito", ou melhor, na separação platônica da carne e do espírito. O Mago escraviza entidades, ordena coisas, e para tal tem que ser controlado tanto por dentro quanto por fora. O Mago Cerimonial (de Alta Magia) é um sujeito que pratica a abstinência dos prazeres corporais, pois só pode dominar o macrocosmo se seu microcosmo estiver dominado.

Existe um sistema, um dogma, comum entre ocultistas modernos, que prega a sucessão éonica. Éons seriam períodos de tempo regidos por uma divindade ou característica dominante. Assim, grandes períodos de tempo, de aproximadamente 2.000 anos, recebem a influência de uma divindade, um signo zodiacal, uma característica política, social e uma característica religiosa dominante. Acredita-se que o novo éon iniciou-se neste século ou está por se iniciar, e suas características ainda estão ocultas para nós. A intenção aqui é associar os "estilos" de magias aos seus respectivos éons para delinear o que pode ser o novo tipo, a magia da "Nova Era".

O primeiro éon (da época histórica) seria o da Deusa. Como geralmente a iconografia é egípcia (a idéia de "Aeons" seria originalmente egípcia), Ísis ou Nut ficam como regentes desse período. Geralmente se atribui a este período uma organização social matriarcal, mas esta idéia é historicamente incorreta. A organização era tribal ou de clãs, e em geral patriarcais (algumas sociedades já possuiam até um estado semelhante ao moderno, mas baseado em dinastias, como o Egito; na verdade o Egito e o Oriente Médio nos deram a religião e a organização social do éon seguinte, o de Osíris, e mesmo hoje existem tribos que vivem no éon de Ísis, já os compartimentos não são estanques). Os homens que viviam em meio a natureza abundante ainda não haviam desenvolvido agricultura, simplesmente colhiam as dádivas da Deusa. Possuiam o politeísmo, o amor filial, o culto à terra, entre outros, como valores essenciais. Não se conhece muito a respeito das culturas do éon de Ísis simplesmente porque elas não dominavam a escrita.

O segundo éon se atribuiu ao deus Osíris. Ele é basicamente o que conhecemos por cristianismo, feudalismo, patriarcado, exploração indômita da terra, organização rígida, medo como método de coerção social, "progresso" científico, absolutismo, entre outros.

Neste último século ocorreu uma mudança muito mais brusca do que as ocorridas em éons anteriores. O mundo está mais unificado e age mais em conjunto, apesar das diferenças. Todo o progresso científico gerou uma revolução a nível psicológico-antropológico muito maior do que nós, que só conhecemos isto, podemos notar. Crianças só conhecem leite envasado, e só viram vacas pela TV. A família se dissolveu, os núcleos familiares são cada vez menores. As pessoas jovens são essencialmente não religiosas e adogmáticas. Isso é visto como catástrofe por muitos. Na verdade qualquer transformação é dolorosa, mas não podemos ser pupas para sempre...

Enquanto a Baixa Magia ressurge em alguns movimentos, como num canto do cisne, a Alta Magia morre. Ninguém deseja uma ladainha fora da realidade como a que acontece nas Igrejas, ninguém agüenta aprender hebraico e grego para chamar espíritos, estudar cabala, e ficar fazendo pose de sério dentro de um círculo. As pessoas estão cínicas e irreverentes demais para isto. Se sentiriam ridículas fazendo isso. 

O futuro da magia está na física quântica e na realidade virtual. Informação é o poder do Mago moderno, que não trabalha nem com a pena ou tampouco com a espada, mas com o teclado, a grande velocidade. O mago não trabalha na inocência ou na ordem, trabalha no Caos. E que fique entendido que isso não é evolução, progresso, melhoria... é transformação.

Cigano Azul

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