Dois tipos de magia são descritos pelos estudiosos de todas as épocas: a Alta Magia e a Baixa Magia (não devem jamais ser confundidas com magia branca nem magia negra, que são tipos de magia designados como tal pelas suas características morais).
A Baixa
Magia é aquela de cunho terrestre, geralmente pagã (na acepção
etimológica original da palavra: "do campo", e não como
posteriormente adotada "não cristã") e é baseada no desregramento dos
sentidos, na carne, na terra, no suor, no sangue. É o tipo de ritual praticado
pelas tribos ditas "primitivas" e pelos cultos afro-americanos em
geral.
A Alta
Magia é a magia do controle, do domínio da realidade pelo homem.
É um tipo de magia intelectualizada e fria, baseada no "puro
espírito", ou melhor, na separação platônica da carne e do espírito. O
Mago escraviza entidades, ordena coisas, e para tal tem que ser controlado
tanto por dentro quanto por fora. O Mago Cerimonial (de Alta Magia) é um
sujeito que pratica a abstinência dos prazeres corporais, pois só pode dominar
o macrocosmo se seu microcosmo estiver dominado.
Existe um sistema, um dogma, comum
entre ocultistas modernos, que prega a sucessão éonica. Éons seriam períodos de
tempo regidos por uma divindade ou característica dominante. Assim, grandes períodos
de tempo, de aproximadamente 2.000 anos, recebem a influência de uma divindade,
um signo zodiacal, uma característica política, social e uma característica
religiosa dominante. Acredita-se que o novo éon iniciou-se neste século ou está
por se iniciar, e suas características ainda estão ocultas para nós. A intenção
aqui é associar os "estilos" de magias aos seus respectivos éons para
delinear o que pode ser o novo tipo, a magia da "Nova Era".
O primeiro éon (da época histórica)
seria o da Deusa. Como geralmente a iconografia é egípcia (a idéia de
"Aeons" seria originalmente egípcia), Ísis ou Nut ficam como regentes
desse período. Geralmente se atribui a este período uma organização social
matriarcal, mas esta idéia é historicamente incorreta. A organização era tribal
ou de clãs, e em geral patriarcais (algumas sociedades já possuiam até um
estado semelhante ao moderno, mas baseado em dinastias, como o Egito; na
verdade o Egito e o Oriente Médio nos deram a religião e a organização social
do éon seguinte, o de Osíris, e mesmo hoje existem tribos que vivem no éon de
Ísis, já os compartimentos não são estanques). Os homens que viviam em meio a
natureza abundante ainda não haviam desenvolvido agricultura, simplesmente
colhiam as dádivas da Deusa. Possuiam o politeísmo, o amor filial, o culto à
terra, entre outros, como valores essenciais. Não se conhece muito a respeito
das culturas do éon de Ísis simplesmente porque elas não dominavam a escrita.
O segundo éon se atribuiu ao deus
Osíris. Ele é basicamente o que conhecemos por cristianismo, feudalismo,
patriarcado, exploração indômita da terra, organização rígida, medo como método
de coerção social, "progresso" científico, absolutismo, entre outros.
Neste último século ocorreu uma
mudança muito mais brusca do que as ocorridas em éons anteriores. O mundo está
mais unificado e age mais em conjunto, apesar das diferenças. Todo o progresso
científico gerou uma revolução a nível psicológico-antropológico muito maior do
que nós, que só conhecemos isto, podemos notar. Crianças só conhecem leite
envasado, e só viram vacas pela TV. A família se dissolveu, os núcleos
familiares são cada vez menores. As pessoas jovens são essencialmente não
religiosas e adogmáticas. Isso é visto como catástrofe por muitos. Na verdade
qualquer transformação é dolorosa, mas não podemos ser pupas para sempre...
Enquanto a Baixa Magia ressurge em
alguns movimentos, como num canto do cisne, a Alta Magia morre. Ninguém deseja uma
ladainha fora da realidade como a que acontece nas Igrejas, ninguém agüenta
aprender hebraico e grego para chamar espíritos, estudar cabala, e ficar
fazendo pose de sério dentro de um círculo. As pessoas estão cínicas e
irreverentes demais para isto. Se sentiriam ridículas fazendo isso.
Cigano Azul
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